A adolescência é uma etapa evolutiva peculiar ao ser humano, que encerra todo o processo maturativo biopsicossocial do indivíduo (Vitolo, 2008), sendo um dos períodos mais desafiadores (Krause).
O crescimento relativamente uniforme até então é subitamente alterado por um aumento em sua velocidade, o que pode criar necessidades nutricionais especiais. Associado a tal evento, na adolescência presencia‐se mudanças do estilo de vida e hábitos alimentares, afetando, desta maneira, a ingestão de nutrientes (Krause).
Esta alteração de comportamento deve‐se a inter‐relação de vários fatores, como os familiares e amigos, normas e valores sócio culturais, a mídia, assim como pelas necessidades e características psicológicas, auto estima, entre outros (Vitolo, 2008). Desta maneira, pode‐se considerar os adolescentes como uma população que merece uma atenção especial, visto que atitudes durante esta fase possuem repercussões em etapas posteriores da vida.
Segundo Moran (1999), a obesidade na adolescência confere uma chance de 70 a 80% de obesidade na vida adulta. Da mesma forma, diversos são os trabalhos na literatura já descreveram uma nítida relação do excesso de peso e hábitos alimentares inadequados durante a adolescência com adiposidade e manutenção dos hábitos.
Um estudo publicado recentemente analisou a importância do café da manhã na vida dos adolescentes e sua repercussão na obesidade, tanto dos próprios adolescentes, como na vida adulta futura, visto que a omissão desta refeição é uma prática comum nesta população (Merten, 2009).
Sabe‐se que o consumo regular do café da manhã é um importante fator protetor contra uma piora do estado nutricional, bem como da obesidade, principalmente devido a uma associação favorável e recíproca entre a ingestão de nutrientes, o consumo suficiente de energia e outros comportamentos saudáveis, como a atividade física.
Pesquisas anteriores sugerem que aqueles adolescentes que consomem o café da manhã com regularidade apresentam uma maior probabilidade de terem um índice de massa corpórea menor, e assim, um menor risco de desenvolverem obesidade, quando comparado a aqueles que não fazem esta refeição, sugerindo que quanto mais precoce a intervenção, mais benefícios em termos de saúde para o indivíduo.
Em relação aos tipos de intervenção, o estudo de Merten (2009) descreve que enquanto os esforços atuais focam em programas baseados na escola, este tipo de programa não atinge aqueles que mais necessitam, a exemplo como os jovens e as mulheres de descendência afro‐americana. Recentemente, esforços têm sido consolidados para envolver as escolas, os familiares e as comunidades.
As recomendações para os pais vão desde a transmissão de informações nutricionais para seus filhos, o preparo de um desjejum, assegurando que este seja realizado por seus filhos, até o auxílio às escolas para o desenvolvimento de formas criativas de servir o café da manhã e, ocasionalmente, comer junto aos filhos na própria instituição (Merten, 2009).
Referências
• Vitolo, MR. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. 2ª ed. Rio de Janeiro: Rubio,
2008.
• Mahan, K; Escott‐Stump S. Alimentos, Nutrição e Dietoterapia. 10ª ed. São Paulo:
Rocca, 2002.
• Moran, R. Evalution and treatment of chilhood obesity. Am Fam Physician. 1999; 59:
861‐68, 871‐73.
• Merten, MJ; Williams AL; Shriver LH. Breakfast consumption in adolescence and young
adulthood: Parental presence, community context, and obesity. J Am Diet Assoc. 2009;
109: 1384‐91.
Nenhum comentário:
Postar um comentário